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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Equívocos em matéria da Folha sobre os pedágios em rodovias federais



Matéria da Folha de São Paulo de hoje, com o título “Artifício infla desconto de pedágio em estradas federais”, faz uma grande confusão sobre o assunto, não informando adequadamente os seus leitores. Alguns me pediram para escrever sobre a matéria, o que faço agora.


1. A matéria traz o subtítulo “TCU aponta que governo Lula usou em licitações dados subestimados de tráfego” e diz o seguinte “Os documentos (examinados pelo TCU) atribuem às estradas um volume de veículos menor do que o real, ao incluir estatísticas de tráfego de três anos antes.”

Quando da apresentação da proposta de modelagem da ANTT, o TCU e, em seguida, o Ministério da Fazenda exigiram que a TIR (Taxa Interna de Retorno) do plano de negócios da concessionária fosse reduzida de 18% (como estava no Edital do governo Fernando Henrique, devido ao cenário do negócio e da SELIC) para 12,88% e 8,95%, respectivamente. O REIDI (clique aqui) fez com que diminuisse esse valor.

O empresariado afirmou que, com essa TIR tão reduzida, dificilmente haveria concorrentes no leilão. Na realidade, houve 30 empresas concorrentes e a taxa de retorno se mostrou até um pouco excessiva, pois o deságio médio foi de 46,39%. (clique aqui para ler matéria da época, no site NTC&Logística)

Com a redução da TIR em quase 4 pontos percentuais, em relação ao que propunha o TCU, qualquer defasagem no cálculo do tráfego futuro tornou-se irrelevante.

Aliás, o estudo de tráfego do poder concedente só serve para estimar as intervenções necessárias que deverão constar do Edital da concessão, quanto a restauração e aumento de capacidade, para chegar ao valor-teto da tarifa.

Para a licitação, o que vale mesmo são os estudos de tráfego dos proponentes, que gerarão seus planos de negócios para o empreendimento.

Com essa significativa redução da TIR, qualquer erro de tráfego afeta quase nada.

2. Outro erro grave da matéria, que leva à confusão do leitor, é passar a idéia que maior volume de tráfego significa apenas mais receita para a concessionária.

O crescimento acelerado da economia gera um também considerável aumento do número de carretas em circulação nas rodovias concedidas.

Qualquer projetista junior sabe que o que desgasta mesmo a estrutura do pavimento é a quantidade de eixos-padrão de caminhão. Assim, quanto mais cresce a economia, mais caminhões pesados circulam nas rodovias. Com isso, maior o desgaste e, consequentemente, maior o gasto com a recuperação da rodovia.

Além disso, quanto maior o número de carretas e automóveis, menor o nível de serviço da rodovia, com a redução de velocidade operacional, chegando a situações de congestionamento em alguns horários do dia.

Nesse contratos dos sete lotes, há a previsão de “gatilho”, que funciona mais ou menos assim: assim que começa a cair o nível de serviço, obras de aumento de capacidade (terceiras-faixas, duplicação, novas intereseções e viadutos) têm que ser iniciados. Porque é exigida da concessionária a manutenção de níveis de serviço internacionalmente definidos.

Assim, o dinheiro que entra pela receita sai proporcionalmente pela porta da despesa.

Ao contrário do que quer faze crer a matéria da Folha, quanto maior o volume de tráfego, maior a despesa.

A conclusão a que pretende fazer chegar a matéria de que o governo Lula capitalizou politicamente com as baixas tarifas de pedágio, através do “artifício” de subestimar o volume de tráfego não se sustenta técnica e economicamente.


José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As 13 viagens de trem mais incríveis do mundo

Percorrer a costa australiana, viajar ao passado inglês e atravessar a Rússia são alguns dos roteiros inesquecíveis a bordo de um trem

Fernanda Castello Branco, especial para o iG



Alguns trens são hotéis 5 estrelas sobre os trilhos


Os trens foram os primeiros meios de transporte a levar um maior número de pessoas para o mesmo destino, iniciando, assim, a era das excursões turísticas. Com o passar dos anos, outros veículos disputaram a atenção dos viajantes. Mas os trens nunca perderam a pose.

Hoje em dia, ao lado dos cruzeiros, eles proporcionam as viagens mais luxuosas do mundo. Muitos trens são autênticos hotéis cinco estrelas sobre os trilhos. E quase todos atravessam os mais deslumbrantes cenários. A bordo dessas máquinas é possível percorrer a costa australiana de leste a oeste, fazer uma viagem ao passado, na Inglaterra, mergulhar nas Montanhas Rochosas do Canadá e atravessar a Rússia.

Selecionamos as 13 viagens de trem mais fantásticas do mundo. Da Tailândia ao Brasil, escolha o cenário que mais lhe agrada e embarque em uma viagem repleta de belas paisagens e muito conforto.

ÁFRICA DO SUL

BLUE TRAIN


No Blue Train há jantar de gala com traje de festa


Quando: em 2010, ainda há saídas até dezembro. Dias 1º, 6, 15, 22 e 29 de setembro. Dias 13, 20, 22 e 27 de outubro. Dias 1º, 3, 10, 17 e 24 de novembro. Dias 1º, 8, 15 e 22 de dezembro. Também já estão disponíveis datas para 2011.

Rota: da Cidade do Cabo a Pretória. Há a opção de fazer a viagem saindo de Pretória, com destino à Cidade do Cabo.

Preço: de US$ 1.407 a US$ 1.890 por pessoa, em cabine dupla, com as refeições e passeios em terra incluídos.

Dois trens de luxo fazem essa rota. O primeiro oferece espaço para 74 hóspedes, em 37 suítes, enquanto o segundo acomoda 58 hóspedes, em 29 suítes. Durante toda a viagem, que dura cerca de um dia e meio, a temperatura interna é mantida entre 20 e 21 graus. Além disso, dentro de cada cabine há um controle individual que varia entre 18 e 24 graus. No inverno, todos os vagões são aquecidos, até o piso. O vagão-restaurante acomoda 42 pessoas, e oferece almoço casual e jantar de gala, exigindo terno e gravata para os homens e roupa de festa para as mulheres. Dois salões são ocupados por atividades de lazer: em um deles é servido chá o dia inteiro, enquanto no outro há bebidas alcoólicas. O glamour é tanto que há até uma joalheria a bordo.



O glamour é tanto que o Blue Train possui uma joalheria


AUSTRÁLIA

INDIAN PACIFIC

O Indian Pacific faz roteiro de Perth a Sydney, via Adelaide

Quando: em 2010, ainda há saídas até dezembro. Dias 1º, 4, 8, 11, 15, 18, 22, 25 e 29 de setembro. Dias 2, 6, 9, 13, 16, 17, 20, 23, 27 e 30 de outubro. Dias 3, 6, 10, 13, 17, 20, 24 e 27 de novembro. Dias 1º, 4, 11, 18 e 25 de dezembro.

Rota: de Sydney a Adelaide. Mas há a opção de fazer rotas por cidades diferentes.

Preço: US$ 1.995 por pessoa, em cabine dupla, com todas as refeições e taxas incluídas.

O Indian Pacific percorre 4.352 quilômetros entre as cidades de Perth e Sydney, via Adelaide, na Austrália. Essa viagem já foi feita por mais de três milhões de pessoas, em mais de quatro décadas. Ao chegar a Adelaide, o viajante tem duas opções: ficar nessa bela cidade ou continuar até Broken Hill. A viagem da costa leste a oeste australiana oferece uma das mais belas paisagens do país, como Blue Mountains e o deserto na Planície de Nullarbor.


ÁUSTRIA

MAJESTIC IMPERATOR



O luxo está presente em todos os cantos do Majestic Imperator


Quando: todas as quintas-feiras, até 30 de setembro de 2010.

Rota: Viena/Wachau/Viena.

Preço: US$ 232 por pessoa, com direito ao jantar.

Esse luxuoso trem austríaco pode ser fretado para eventos fechados, como aniversários e festas de casamento. O passeio oferecido, com saída de Viena, começa às 17h40 e vai até 23h20, com parada em Wachau. Trata-se de um jantar de luxo sobre os trilhos. O menu é composto por quatro pratos e há uma visita guiada com degustação de vinhos, em Dürnstein.


BRASIL

SERRA VERDE EXPRESS


Quando: saídas aos finais de semana e feriados.

Rota: Curitiba, Morretes e Antonina.

Preço: R$ 300 (adulto), R$ 210 (crianças de 6 a 12 anos), R$ 90 (crianças de 3 a 5 anos) e R$ 4 (crianças de 0 a 3 anos). Estão incluídos traslado de chegada e saída, serviço de bordo de primeira classe; almoço típico (barreado e frutos do mar); city tour em Morretos e Antonina; retorno de van pela estrada da Graciosa, com uma parada no Mirante São João da Graciosa; e guia especializado

Decorada internamente com veludo vermelho e outros itens luxuosos, a litorina de luxo desce a Serra do Mar, com paradas em Morretes e Antonina. Durante a parada, o passageiro tem a chance de degustar as delícias dos melhores restaurantes de Morretes, a maioria na beira do Rio Nhundiaquara, assim como visitar as ruas estreitas de Antonina.

CANADÁ

CANADIAN PACIFIC

Quando: não tem mais saídas em 2010 e as datas para 2011 ainda não foram divulgadas.

Rota: Calgary (Alberta) é ponto de partida e de chegada, e várias cidades montanhosas do Canadá integram a rota.

Preço: US$ 8 mil para duas pessoas (cabine dupla), para uma viagem de seis dias, com as refeições incluídas.

A viagem tem como cenário as Montanhas Rochosas do Canadá. Entre os pontos apreciados durante o percurso, há lagos com água azul-safira, pinheiros e vida selvagem. O trem percorre as Rochosas do Canadá no sentido oeste, saindo de Alberta. Há passeio guiado no Banff National Park. Outros pontos de passeio são a região do Lake Louise, o Glaciar Victoria e o Rio Columbia. Há, ainda, uma descida às pradarias de Alberta e parada no Head-Smashed-In Buffalo Jump, considerado patrimônio mundial pela UNESCO por guardar ossadas de búfalos que viveram há cinco mil anos.

ESPANHA

EL TRANSCANTÁBRICO


Para manter a tranquilidade, o Transcantábrico não viaja à noite


Quando: saídas 4 e 18 de setembro de 2010 (de León a Santiago de Compostela); 11 e 25 de setembro de 2010 (de Santiago de Compostela a León); 11 e 25 de setembro, e 9 e 23 de outubro (de San Sebastián a Santiago de Compostela); 4 e 18 de setembro, e 2 e 16 de outubro (de Santiago de Compostela a San Sebastián).

Rota: de León a Santiago de Compostela (e o inverso) e de San Sebastián a Santiago de Compostela (e o inverso).

Preço: US$ 7.731,60, para duas pessoas, em cabine dupla, com todas as refeições e excursões incluídas.

Inaugurado em 1983, o El Transcantábrico foi o primeiro trem de passageiros da Espanha. O trem luxuoso comporta 52 passageiros, acomodados em 26 suítes, todas com televisão, DVD, som, banheiro com hidromassagem e sauna, e ar condicionado. A viagem dura oito dias e sete noites, passando por lugares históricos na Espanha. Uma característica do El Transcantábrico é que ele não viaja durante a noite, para manter a tranquilidade dos passageiros. Os que não gostarem de dormir cedo podem aproveitar a noite no pub, localizado em um dos quatro vagões dedicados ao lazer e entretenimento.

ÍNDIA

DECCAN ODYSSEY


O Deccan tem espaço para até 70 passageiros e 45 tripulantes




Quando: Não tem mais saídas em 2010, mas em janeiro de 2011 já é possível fazer a viagem.

Rota: a viagem começa e acaba em Mumbai, passando por Jaigadh, Ganapatipule, Sindhurdurg, Tarkaarli, Sawantwadi, entre outras cidades.

Preço: US$ 3.325 por pessoa, em cabine dupla. A viagem dura oito dias e todas as refeições estão incluídas, assim como entradas em monumentos e palácios e os demais entretenimentos culturais.

O trem é luxuoso e cheio de regalias. Estão entre as atrações da viagem estão as cavernas de Ajanta e Ellora. O trem tem espaço para até 70 passageiros e 45 tripulantes. Entre os “mimos” oferecidos durante a viagem estão livraria, bar, centro de massagem ayuvérdica, ginásio, principais jornais diários todas as manhãs e uma garrafa de vinho em todos os quartos. No restaurante, há sempre a opção de dois cardápios: um com comida típica indiana e o outro com pratos da gastronomia internacional.

GOLDEN CHARIOT

Quando: em 2010, ainda há saídas até dezembro. Dias 4 e 18 de outubro. Dias 1º, 15 e 29 de novembro. Dias 13 e 27 de dezembro. Também já há datas previstas para 2011.

Rota: Bangalore é ponto de partida e de chegada, passando por Kabini/Bandipur, Mysore, Hassan, Hospet, Badami e Goa.

Preço: US$ 2.975 por pessoa, em cabine dupla. A viagem dura oito dias e no preço estão incluídos todas as refeições, passeios em terra, entradas em monumentos, parques e programas culturais.

O Golden Chariot (Carruagem Dourada) possui 19 vagões, com luxuoso restaurante, salão de conferência e até ginásio. Em uma sala de estar requintada, o viajante pode apreciais inúmeros vinhos renomados. A viagem percorre o Estado de Karnataka, no sul da Índia. Paisagens verdes e animais selvagens podem ser visto durante o roteiro.

INGLATERRA

PULLMAN ORIENT EXPRESS

 Roteiro de trem na Inglaterra leva a cidades históricas


Quando: em 2010, ainda há saídas até dezembro. Dias 2,3,8,9,10, 12, 15, 17, 18, 19, 22, 23, 24, 26 e 29 de setembro. Dias 3, 8, 10, 14, 15, 16, 20, 21, 22, 27, 28 e 29 de outubro. Dias 4, 5, 7, 11 e 13 de novembro. Dias 1º, 2, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 21 e 31 de dezembro. Também já há datas previstas para 2011.

Rota: todas essas datas são referentes a viagens iniciadas em Londres, mas com destinos variados, como Penshurst Place, Brooklands, Wisley Gardens, Leeds Castle e Canterbury.

Preço: de US$ 290 a US$ 400 por pessoa.

Muita história e uma viagem no tempo. O passeio no British Pullman remete às décadas de 1920 a 1930. Da decoração ao uniforme dos funcionários, tudo é fiel ao passado. Art deco e art nouveau dão o tom da decoração, com poltronas de veludo. Os roteiros, a maioria saindo de Londres, levam para as cidades históricas da Grã-Bretanha, assim como a eventos sociais e esportivos na região.

NORUEGA

BERGEN LINE


Viagem de sete horas sai de Bergen e vai para Oslo


Quando: saídas regulares todos os dias; a consulta pode ser feita diretamente no site oficial.

Rota: viagem de ida e volta, saindo de Bergen para Oslo (outros roteiros também são operados, basta consultar a estação de preferência no site).

Preço: US$ 132 por pessoa, viagem de ida e volta, saindo de Oslo para Bergen.

Uma viagem cheia de charme. Assim pode ser definida a rota de quem sai de Bergen, oeste da Noruega, e parte para Oslo, a capital do país. O trecho é operado pela Norwegian State Railways (NSB). A viagem dura sete horas e inclui paradas em cidades como Stavanger e Trondheim, ambas montanhosas, além de estações de esqui. Os passageiros que quiserem mais conforto podem comprar a passagem que dá direito a um compartimento (para uma ou duas pessoas).


PERU

VISTADOME

Quando: saídas diárias.

Rota: Cusco, Águas Calientes, Machu Picchu.

Preço: US$ 240 por pessoa, incluindo snacks, bebidas, ônibus de subida e descida às ruínas, guia bilíngue (espanhol/inglês) e entrada a Machu Picchu.


A viagem dura um dia, começa na estação de San Pedro, em Cusco, e leva o turista até Machu Picchu. Em três horas de viagem, chega-se a Águas Calientes, seguindo o curso do Rio de Vilcanota. De lá, a viagem segue de ônibus. Em Machu Picchu, a visita guiada dura cerca de duas horas e meia, com o trem voltando para Cusco por volta das 16h. Quem tiver mais tempo pode combinar uma visita a Machu Picchu com o Vale Sagrado. Neste caso, não se pega o trem em Cusco, mas em Ollantaytambo, no Vale. Outra opção é passar a noite em Águas Calientes e visitar as ruínas de Machu Picchu novamente no dia seguinte.

RÚSSIA

GOLDEN EAGLE – SIBERIAN EXPRESS


Quando: não há mais viagens previstas em 2010. Viagens em 2011, de 8 a 22 de maio, de 30 de julho a 13 de agosto, e de 25 de agosto a 8 de setembro.

Rota: Moscou, Kazan, Yekaterinburg, Novosibirsk, Irkutsk, Lake Baikal, Ulan Ude, Ulaan Baatar (Mongólia) e Vladivostok, em quinze dias de viagem.

Preço: a partir de US$ 8.995 por pessoa, incluindo todas as refeições, passeios e guias.

A viagem começa em Moscou, acaba em Vladisvotok, dura 15 dias e passa por três fusos horários diferentes. As saídas anuais são poucas. Em 2011, por exemplo, só estão previstas três saídas. O trem é muito confortável e possui 21 vagões. Até o chão é aquecido e as cabines são equipadas com televisão de plasma e DVD. Os mais animados podem curtir o bar a qualquer hora, já que ele fica aberto 24 horas.

TAILÂNDIA

EASTERN & ORIENTAL EXPRESS

Quando: em 2010, ainda há saídas até dezembro. Dia 12 de setembro. Dias 17 e 31 de outubro. Dias 7 e 14 de novembro. Dias 23 e 30 de dezembro. Também já há datas previstas para 2011.

Rota: de Bancoc para Cingapura.

Preço: US$ 3.140 por pessoa, em cabine dupla, incluindo todas as refeições e passeios.

A viagem no sudeste asiático começa em Bancoc, na Tailândia, e vai até Cingapura. Entre as passagens estão Kuala Lumpur, na Malásia, onde é possível descer para conhecer a cidade . O destino final depende do viajante. O Eastern & Oriental Express tem um roteiro especial que vai até Chiang Mai. Os destaques são belos templos e uma culinária diferenciada. O trem luxuoso faz, em média, duas viagens por mês, e tem lugar para 132 passageiros, em 66 cabines. Além da excelente comida servida a bordo, com destaque para pratos asiáticos e europeus, a viagem oferece excelentes vinhos, apresentações de um pianista, loja de souvenirs e sala de leitura.

* preços pesquisados em agosto/2010 e sujeitos a alterações

* consulte as agências e operadoras para saber a disponibilidade de vagas, possíveis taxas extras e formas de pagamento

Autobahnn: Boa até para avião!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Farsa da expansão do Metrô de SP e corrupção: marcas das gestões Serra, Alckmin e Covas

Governo tucano ilude população com a falsa expansão do transporte público.



Por Paulo Dantas







Apenas 21,65 Km de linhas de metrô de SP foram construídos pelas gestões do PSDB (Covas, Alckmin e Serra), em quase 16 anos de governo, dos atuais 65,9 Km, com o acréscimo de 3,6 Km recentes da atrasada Linha Amarela. Isto dá uma média irrisória de construção de 116 metros por mês ou 1,39 Km por ano.


Comparativamente com as cidades do México, que começou a construir o metrô na mesma época de SP, hoje com 201 km de linhas de metrô, e Santiago, no Chile, com 84 km, a expansão das linhas de metrô de SP, constante da propaganda do PSDB, além de ser uma mera ficção, é enganosa.

Ao lado da morosidade na construção do metrô de SP, a corrupção é outra marca registrada no setor. No Brasil, desde 2008, promotres apuram o esquema de pagamentos de propinas pela multinacional Alstom a representantes do PSDB nas gestões tucanas dos últimos 16 anos (Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra) para garantir contratos com o governo paulista. Enquanto, o Ministério Público Federal apura os crimes de lavagem de dinheiro e contra a ordem tributário, o Ministério Público de SP investiga os atos de improbidade administrativa, praticados por autoridades públicas e lesivos ao patrimônio de SP. Em ambos os casos, as autoridades suiças, que investigam o caso desde 2007, auxiliam nos trabalhos de apuração das autoridades brasileiras.


Além de todas essas mazelas e escândalos, o Metrô será obrigado a pagar uma indenização de R$ 200 milhões ao Consórcio Via Amarela, valor originário pela mudança do método de escavação dos túneis, solicitada pela companhia em 2004 para agilizar a entrega da obra. O escândalo é maior porque o desabamento da Estação Pinheiros ocorreu por causa da mudança ilegal do método construtivo.


Em março de 2010, o promotor Saad Mazloum, do Ministério Público de SP, ingressou com ação de improbidade administrativa contra o presidente do metrô e funcionários da empresa, além do Consórcio Via Amarela, responsáveis pela obra, cumulada com pedido de danos morais e patrimoniais difusos. O promotor pede que a Justiça condene a uma indenização no valor de R$ 239 milhões as empreiteiras que formam o Consórcio Via Amarela e a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, responsáveis pela obra da estação Pinheiros do Metrô.


Veja a expansão dessa farsa:


Reuters - 12/08/2010


Serra promete construir 400 km de metrô em grandes cidades

SÃO PAULO (Reuters) - Após percorrer trecho em trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou que, caso eleito, fará um programa de construção de 400 quilômetros de metrô no Brasil

http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE67B0W320100812


O Globo Online - 12/08/2010

Com problemas no transporte em SP, Serra promete 400 km de linhas de metrô em nove capitais



SÃO PAULO - Depois de enfrentar dificuldades para tentar implementar algumas linhas de metrô em São Paulo, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prometeu nesta quinta-feira que criará, se eleito, 400 quilômetros de linhas metroviárias em pelo menos nove capitais do país. Numa agenda casada com o que prometeria minutos depois, Serra percorreu estações de uma linha de trem, que liga bairros da periferia à Grande São Paulo. Embora sem dar detalhes técnicos sobre o projeto, Serra chegou a estimar investimentos de até R$ 45 bilhões para as obras

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/08/12/com-problemas-no-transporte-em-sp-serra-promete-400-km-de-linhas-de-metro-em-nove-capitais-917384631.asp

iG - 12/08/2010

Goldman diz que Serra exagerou ao prometer 400 km de metrô

O governador assumiu a paternidade da proposta do presidenciável tucano de fazer metrô com o dinheiro do trem-bala

http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/goldman+diz+que+serra+exagerou+ao+prometer+400+km+de+metro/n1237747038393.html



Jornal da Tarde - 26/04/2010

Governo Serra deixou de investir R$ 1,3 bilhão no Metrô de SP

Orçamento previa gasto de R$ 3,3 bilhões em 2009 na expansão da rede de trilhos, mas foram aplicados R$ 2 bilhões; maior atraso é na Linha 5-Lilás, que deixou de receber R$ 1 bilhão do que havia sido planejado no ano passado

http://www.jt.com.br/editorias/2010/04/26/ger-1.94.4.20100426.2.1.xml


AP - 21/06/2010

Metrô paulista: obra lenta, superfaturada e atrasada

A incompetência gerencial do governo tucano fica clara quando se compara a extensão do Metrô paulistano com o de outros países. Enquanto o metrô de São Paulo possui 62,3 quilômetros de extensão, o metrô da Cidade do México, que começou a ser construído na mesma época que o de São Paulo, tem 201 quilômetros de extensão e o de Santiago, no Chile, conta com 84 quilômetros. Ao longo do governo do PSDB, o metrô de São Paulo registrou baixíssimo crescimento, de apenas 1,4 quilômetro em média por ano.


Desde meados de 2007, estão em curso investigações internacionais requeridas pela Justiça suíça e francesa, envolvendo as relações da multinacional Alstom com o governo do PSDB. O objeto da investigação é apurar o pagamento de propina a representantes do tucanato, como meio de garantir contratos com o governo paulista.

http://www.ptalesp.org.br/em_discussao_ver.php?idTexto=673




Folha de S. Paulo - 29/10/2008

Propina da Alstom chega a US$ 430 milhões, afirma Suíça

O Ministério Público suiço já havia informado que há pelo menos três investigações em curso sobre o caso Alstom, e que uma delas é sobre o uso de bancos suíços para pagar propinas no Brasil

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u461602.shtml


Folha de S. Paulo - 12/12/2008

Serra inaugura 1º trem comprado da Alstom em contrato sob investigação

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), inaugurou ontem o primeiro trem --de um lote de 16-- cujo contrato de compra, feito em sua gestão pela direção do Metrô, está sob investigação por suspeita de superfaturamento e de burlar a Lei das Licitações. O trem é da Alstom

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u478449.shtml


Estado de S. Paulo - 07/08/2009

Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes de SP, tem bens congelados na Suiça

Suspeita é a de que o dinheiro seja oriundo de pagamentos de propina da empresa francesa Alstom.O Ministério Público da Suíça congelou em Genebra US$ 7,5 milhões em nome de Jorge Fagali Neto, ex -secretário de Transportes na gestão Fleury e irmão do atual presidente do Metro, José Fagali, nomeado para o cargo por Serra.A suspeita é a de que o dinheiro seja oriundo de pagamentos de propina da empresa francesa Alstom a funcionários públicos brasileiros nos anos 90 para garantir contratos públicos.

No total, 19 pessoas físicas e jurídicas estão sob investigação e os sequestros dos bens já foram informados ao Ministério Público Federal no Brasil. As investigações em relação à Alstom começaram em 2007 em Paris, incluindo Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-secretário da Casa Civil na gestão Covas. Seus bens, no valor de R$ 5,1 milhões, foram bloqueados

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ex-secretario-de-transportes-de-sp-tem-bens-congelados,415357,0.htm

O Estado de S. Paulo - 11/06/2010

Metrô-SP vai à Justiça para não pagar R$ 200 milhões exigidos pelo Consórcio Via Amarela

O Metrô ingressou com duas ações na Justiça para tentar evitar o pagamento de R$ 200 milhões de indenização para o Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da recém-inaugurada Linha 4-Amarela. O valor se refere à mudança do método de escavação dos túneis, solicitada pela companhia em 2004 para agilizar a entrega da obra

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,metro-sp-vai-a-justica-para-nao-pagar-r-200-milhoes,565013,0.htm


O Estado de S. Paulo - Blog do Reina - 24/06/2010

Metrô perde ação na Justiça e terá de pagar R$ 200 milhões indenização ao Consórcio Via Amarela

A Justiça cassou, na terça-feira, a liminar que determinava a realização de perícia de engenharia para aferir valor de pagamento de indenização ao Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da recém inaugurada Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo. Os empreiteiros ingressaram na Justiça exigindo pagamentro de R$ 180 milhões, corrigidos para R$ 200 milhões, de indenização referente à mudança do método de escavação dos túneis de parte do ramal

http://blogs.estadao.com.br/eduardo-reina/2010/06/24/metroperde-acao-na-jusitca-e-tera-de-pagar-indenizacao-a-empreiteiras/


Ministério Público de SP - 29/03/2010
MP pede indenização de R$ 239 milhões por acidente na estação Pinheiros do Metrô


O promotor de Justiça Saad Mazloum , da Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital, ajuizou, nesta segunda-feira, 29/3, ação de improbidade administrativa cumulada com pedido de danos morais e patrimoniais difusos, pedindo que a Justiça condene a uma indenização no valor de R$ 239 milhões as empreiteiras que formam o Consórcio Via Amarela e a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, responsáveis pela obra da estação Pinheiros do Metrô.

São réus na ação:

· Luiz Carlos Frayze David, ex-presidente do Metrô;
· Marco Antonio Buoncopagno, ex-funcionário do Metrô;
· José Roberto Leito Ribeiro, funcionário do Metrô, responsável pelo Departamento de Construção Civil da Linha 4 Amarela;
· Cyro Guimarães Mourão Filho, funcionário do Metrô e coordenador de Obras da Linha 4 do Metrô;
· Jelson Antonio Sayeg de Siqueira, engenheiro civil do Metrô, responsável pela fiscalização da obra;
· German Freiberg, engenheiro do Metrô, co-responsável pela fiscalização do andamento da obra;
· Consórcio Via Amarela (CVA), formado pelas empresas Odebrecht-CBPO, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom

A Promotoria também pediu que as empresas sejam proibidas de contratar com o Poder Público pelo prazo de 5 anos, o máximo permitido em lei

Clique aqui para ler a íntegra da ação

SPTV 2ª Edição - 30/03/2010

ia Amarela terá que pagar indenização de R$ 239 milhões por cratera na obra do metrô

Além das pessoas que perderam a vida, o prejuízo de quem foi atingido pelo acidente nas obras da estação Pinheiros motivou uma nova ação do Ministério Público.

Leia e assista ao vídeo com duração de 2m18s

http://sptv.globo.com/Jornalismo/SPTV/0,,MUL1551472-16576,00.html

Compra da TAM pela LAN Chile ameaça soberania aérea e integração

O problema não se resume à desnacionalização do centro dirigente de importante empresa brasileira. A estratégia da LAN tem um propósito monopolista. A empresa chilena tem condições de amealhar crédito suficiente para impulsionar ações de dumping no mercado brasileiro e latino-americano.

Breno Altman

O anúncio da associação entre a LAN Chile e a brasileira TAM, na última sexta-feira (13/08), fez vibrar o noticiário. A negociação, afinal, prevê a formação do maior conglomerado de transporte aéreo da América Latina, com valor acionário de US$ 12,2 bilhões – o terceiro do mundo no setor, atrás apenas das estatais Air China e Singapore Airlines.

O negócio, porém, está longe de ser importante apenas para seus investidores. As repercussões possíveis dizem respeito à política internacional do governo brasileiro, à estabilidade do mercado interno e aos rumos da integração latino-americana. Os termos acertados entre os dois grupos empresariais provocam, de fato, reviravolta em ramo estratégico do desenvolvimento econômico.

O acordo cria uma holding chamada Latam, sediada em Santiago. Atual controladora da LAN, a família Cueto será proprietária de 70,6% da nova empresa. A família Amaro, da TAM, ficará com os restantes 29,4%. O presidente da companhia brasileira, Maurício Amaro, apesar de sócio minoritário, foi indicado para presidente do Conselho de Administração. As operações efetivas, contudo, serão dirigidas por Enrique Cueto, apontado como chefe executivo da Latam.

A lei brasileira proíbe que estrangeiros detenham mais que 20% do capital votante das empresas aéreas. O acerto entre chilenos e brasileiros, no entanto, contornou criativamente o problema. A Latam terá 100% das ações preferenciais (sem direito a voto) do grupo brasileiro, mas apenas 20% das ações ordinárias. Caso a legislação mude, ampliando para 49% o teto fixado ao capital internacional, os Amaro se comprometem a vender sua participação até essa cota máxima.

Apesar de as duas companhias aéreas seguirem existindo como firmas autônomas, nenhuma delas continuará a ser listada em bolsas. A Latam participará do mercado acionário de Nova Iorque e Santiago. A empresa fundada por Rolim Amaro, porém, deixará de existir na Bolsa de São Paulo, que não negocia papéis diretos de empreendimentos sediados em outro país. Sua presença ocorrerá apenas sob a forma de BDRs (certificados de depósitos) emitidos pela holding, que substituirão as ações preferenciais e serão comercializados no Chile ou nos Estados Unidos.

A questão, contudo, não se resume à desnacionalização do centro dirigente de importante empresa brasileira. A estratégia da LAN tem um declarado propósito monopolista. Dotada de saudável musculatura financeira, a empresa chilena tem condições de amealhar crédito suficiente para impulsionar poderosas ações de dumping no mercado brasileiro e latino-americano.

Uma forte baixa tarifária, que a princípio seria eventualmente recebida com satisfação pelos consumidores, poderia levar os concorrentes a perder espaço ou mesmo à bancarrota, até seu controle ser assumido pela recém-criada Latam. Terminada a guerra de preços e abatida a concorrência, as tarifas entrariam em rota de recuperação, já sob a batuta de um oligopólio que estenderia seus tentáculos por todo o continente.

Os custos econômicos e sociais desse cenário são previsíveis. Ainda mais clamoroso, porém, seria o risco de o Brasil perder soberania aérea, ao deixar que seu mercado seja controlado por empresa privada estrangeira. Nenhum país relevante, que busque caminho sustentável e autônomo de desenvolvimento, prescinde de companhias próprias em áreas como transporte aéreo, telecomunicações ou energia. Até por razões de segurança nacional.

Não seriam prejudicados, com o acordo anunciado, apenas interesses brasileiros. Além da formação da Latam estar dissociada dos instrumentos de integração latino-americana, são de conhecimento público os laços íntimos que vinculam a LAN Chile ao presidente Sebastián Piñera. Seu principal proprietário até poucos meses e aliado histórico da família Cueto, o líder direitista é desfavorável ao descolamento regional em relação à hegemonia dos Estados Unidos, além de adversário dos governos que impulsionam a constituição de um bloco independente.

Não é problema de pouca monta, afinal, enfrentar o desafio integracionista sem projeto sólido, respaldado por aliança entre empresários e poder público, que garanta o controle das rotas aéreas e da aviação civil. A transnacionalização ou o predomínio da lógica de mercado são evidentes fatores de instabilidade. Nesse sentido, a aquisição disfarçada da TAM pela LAN tem razoável potencial para colocar o setor aéreo em cenário de fortes turbulências.


Breno Altman é jornalista e diretor editorial do sítio Opera Mundi (www.operamundi.com.br)







Breno Altman é jornalista, diretor do site Opera Mundi (www.operamundi.com.br)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tripulantes da Gol relatam abusos a Sindicato dos Aeronautas


Eliano Jorge


Todos os passageiros estavam sentados dentro do avião da Gol, já aborrecidos com o atraso da viagem entre Guarulhos e Brasília, marcada para as 7h de segunda-feira, 2. Ao contrário do filme, o aviso surpreendente veio antes da decolagem, algo como: desafivelem os cintos, o piloto sumiu. Eles esperavam o comandante, cuja chegada em outro voo era anunciada para as 8h40. Enfim, seguiram para a capital federal por volta das 9h30.

Esse foi um dos quase 50 embarques da Gol protelados ou cancelados naquela manhã. Contando desde sexta-feira, houve mais de 300. "A situação, desenvolvida num fim de semana de pico de movimento, com retorno de férias escolares, ocorreu num momento em que a empresa finalizava a implementação de um novo sistema de processamento das escalas dos pilotos e comissários", tentou justificar-se a empresa.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) foi pelo mesmo caminho: "A companhia informou que um problema no software que processa as escalas de trabalho de seus tripulantes, durante o fim de semana, fez com que parte deles atingisse o limite de horas de trabalho estipulada pela legislação".

Entrevistado por Terra Magazine, o diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, deu um aspecto mais (des)humano à questão, responsabilizando a ANAC e as empresas aéreas pelos distúrbios dos últimos dias, acusadas de criar mais linhas áreas e sobrecarregar seus empregados.

"Ao longo do mês de julho, a Gol implementou um sistema de controle de escala de voo que levou literalmente seus tripulantes à loucura", revelou. "As escalas eram alteradas diariamente, diuturnamente, não tinha hora para ser alterada, não havia combinação". Haveria casos extremos: "Tem tripulantes com 30 modificações de escala, isso não existe. Uma modificação por dia, em média. Isso é impossível, não é minimamente aceitável".

O quadro de funcionários, conta o sindicalista, não foi levado em consideração: "A demanda da escala de voo passou a atender as necessidades somente da empresa".

Entre as 800 denúncias de aeronautas, mais de 200 se referem à Gol somente no mês passado, calcula Camacho, que apresenta relatos preocupantes: "Tripulante dormindo em momentos em que deveria estar acordado e sendo acordado pelo copiloto". Ele traduz o nível de estafa de quem opera os aviões e seu risco: "Bastam 16 horas pontuais de privação de sono, é o equivalente a tomar duas ou três doses bem servidas de uísque".

Por isso, pilotos e comissários da Gol já planejavam um boicote para 13 de agosto. Para já, "o risco continua existindo, mas está aparentemente controlado", atesta Camacho. As condições, por ora, estão longe de evitar uma paralisação.

Leia a entrevista.

Terra Magazine - Por que houve estes problemas com voos da Gol nestes dias?

Carlos Camacho - Ao longo do mês de julho, a Gol implementou um sistema de controle de escala de voo que levou literalmente seus tripulantes à loucura. O número de voos e fretamentos concedidos pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), neste período, foi algo absolutamente irresponsável. Não só para a Gol, mas para as demais empresas aéreas que requisitaram não só o aumento do número de linhas de voos como também de fretamentos autorizados. Portanto, não havia contrapartida de pessoal habilitado - ou seja, os tripulantes - para atender a demanda de voos que as empresas apresentaram. No caso da Gol, adicionalmente veio essa alteração de critério de composição de escala de seus tripulantes. As escalas eram alteradas diariamente, diuturnamente, não tinha hora para ser alterada, não havia combinação. A lei é bem clara no que diz respeito à alteração de escala e à escalação de pessoal por necessidade extrema de trabalho. A demanda da escala de voo passou a atender as necessidades somente da empresa sem atender significativamente as demandas que a própria lei impõe.

E então?

Houve uma literal fadiga da parte dos tripulantes. O sindicato esteve em duas reuniões pontuais com a empresa no mês de julho. Na segunda reunião, o vice-presidente de recursos humanos concluiu que realmente a coisa estava errada e tomou algumas providências que refletiriam evidentemente logo na primeira semana ou na primeira dezena de dias do mês de agosto. Que é o que está acontecendo: cancelamento de número significativo de voos, por volta de 46, para poder adequar número de voos e de tripulações. Não bastasse isso, ainda teve as questões de tráfego aéreo que contribuíram para este clima de enorme complicação.

Isso só aconteceu com a Gol?

Pontualmente com a Gol. Porque ela fez esta ampliação do número de voos.

Já havia ocorrido algo parecido, como falta de tripulantes, na história da aviação civil brasileira?

Já, várias vezes. A Vasp era useira e vezeira em desrespeitar a lei, foi professora nisso, na gestão do senhor (Wagner) Canhedo. Temos histórias recentes também. Como a ANAC não tem feito sua obrigação, que é a fiscalização pontual das empresas aéreas, quem está recebendo as denúncias é o sindicato, que está com mais de 800 denúncias em seis meses, um número quase recorde agora, ao longo do mês de julho, por conta do incremento de mais de 200 denúncias só sobre a Gol. Os tripulantes, vendo que os sindicatos acolhiam as denúncias, mandavam para cá.

O que eles relatam?

Relatam de tudo, desde abusos, desrespeito à regulamentação, fadiga da tripulação, tripulante dormindo em momentos em que deveria estar acordado e sendo acordado pelo copiloto. As denúncias são muito sérias.

É um caso quase extremo então, de risco de acidente?

Por isso, a empresa recuou e cancelou 46 voos, ela foi responsável através do seu diretor de recursos humanos. Críticas, fazemos ao diretor, vice-presidente de operações, que não se mexeu em tempo algum, em defesa de seus próprios tripulantes.

Já vinham ocorrendo problemas, que se agravaram...

Vinha como problema, mas ele se intensifica no mês crítico, de alta densidade de tráfego, em que a empresa implementa um sistema operacional que levou todos à loucura.

Como o senhor classifica a situação?

Era de risco iminente e agora é de risco controlado. Se a empresa atuar de forma séria, tem que fazer isso mesmo e assumir este ônus de cair na mídia, e vocês veicularem as matérias sobre cancelamento de voos.

Há desgaste ainda de mercado, de queda nas ações, de passageiros optarem por outras empresas...

Todos os voos cancelados estão vendidos, ela está adequando passageiros para seus próprios voos e para outras empresas. Não perde nada não. O perfil do passageiro brasileiro não é mais este não, ele vai dentro dos seus interesses, suas necessidades de preço. Vou te dar um exemplo bem típico. No dia seguinte ao acidente da TAM aqui, no Aeroporto de Congonhas, houve uma quase greve de passageiros no saguão porque eles queriam decolar todos os voos no horário. O aeroporto fechou, e os passageiros eram transferidos para outras localidades até se verificar que a pista era segura. Mas houve uma quase insurgência dos passageiros da empresa acidentada. Ou seja, não se iluda, o perfil dos passageiros não é aquele que você pensa não.

O senhor contou que o risco está controlado...

O risco continua existindo, mas está controlado. Aparentemente controlado. A empresa que nos diga. Os tripulantes que nos digam. Eu abro dia 1º já com denúncias. Pode ser reflexo do mês anterior. Vai ser o portal de recebimento de denúncias do sindicato que vai mostrar se a empresa está trabalhando seriamente ou não, porque os tripulantes vão denunciar.

O próximo ponto crítico do calendário será no feriadão de 7 de setembro, no de 12 de outubro ou só entre dezembro e janeiro?

Em 7 de setembro. Em todos os feriados casados com uma sexta ou segunda-feira, normalmente o fluxo de passageiros aumenta muito.

O sindicato já tem prevista alguma iniciativa para esta data?

O sindicato está tentando controlar uma possibilidade de paralisação espontânea da parte dos tripulantes porque qualquer paralisação precisa de motivações fortes, muito bem trabalhada, pois leva uma empresa a um nível de risco desnecessário no que diz respeito a trabalhadores e usuários. Está havendo uma manifestação de dentro para fora, da base dos funcionários da empresa, particularmente do quadro de copilotos e comissários. Se a empresa não se enquadrar, dia 13 de agosto eles farão alguma coisa. O sindicato está trabalhando exatamente, eu não diria na contramão, mas para esclarecer os tripulantes que qualquer movimento tem que ser muito bem consolidado, tem que ser sério.

Por que dia 13 de agosto?

Sexta-feira Negra da Gol. Por conta dos abusos do mês de julho. Marcaram lá atrás, em meados de julho. Estes movimentos espontâneos não são identificados porque quem me escreve não se identifica, pode vir tudo anônimo. A gente não sabe onde vai acontecer, como no 11 de setembro dos Estados Unidos. Não se sabia onde os aviões iam ser jogados e foram. Os Estados Unidos pagaram um preço alto por não acreditarem que um avião poderia ser utilizado como míssil, como uma bomba.

Os tripulantes não vão jogar aviões, mas o que devem fazer?

Não, não. Vão paralisar, não vão se apresentar para os voos. A empresa tem 10 dias para desconstruir esse movimento, mas não através de ações punitivas, e sim ações sérias, mostrando que está trabalhando de forma concatenada, tentando resolver os problemas que ela própria criou.

Eles tentaram alguma paralisação para este final de semana?

Não, nada. Nada, nada, nada. Os tripulantes não foram geradores de nenhum fato. Até mesmo porque eles concentraram a data, que eles definiram a partir de 15 de julho, quando a escala já tinha virado o caos. Tem tripulantes com 30 modificações de escala, isso não existe. Uma modificação por dia, em média. Isso é impossível, não é minimamente aceitável. As modificações podem acontecer, mas com uma semana de antecedência ou, no limite, dois dias. São modificações absolutamente respaldadas pela lei, não do jeito que as empresas, particularmente a Gol, vinham fazendo.

Neste período de caos que o senhor descreveu, qual foi o risco de acidente?

O risco de acidente na aviação é sempre existente. Você pode incrementar a partir do momento em que tem o fator humano cada vez mais aplicável. Então, se você começa a massacrar seus tripulantes, com blocos críticos de escala, voando noite e madrugada adentro, seguidos, com perdias nos hotéis, não permitindo que eles tenham o devido repouso e tudo o mais... Há uns oito ou dez meses atrás, dois tripulantes foram presos nos EUA por se apresentarem para voar, embriagados. Os passageiros perceberam que eles passaram muito estranhos, falando mole, muito alegres. Isso poderia acontecer no Brasil com dois tripulantes ou um deles identificado como embriagado sem ter tomado uma única gota de álcool. Para isso, bastam 16 horas pontuais de privação de sono, é o equivalente a tomar duas ou três doses bem servidas de uísque.

Qual é o tempo mínimo para descanso?

Eles teriam 12 horas para descanso. Acontece que os blocos críticos (de escala) remetem os tripulantes voando madrugadas seguidas, e 99% dos hotéis brasileiros não são preparados para receber tripulantes, hóspedes especiais, que precisam de ambiente silencioso e escurecido para dormirem durante o dia porque vão se apresentar às 9 horas da noite para voar a madrugada toda de novo. E vão para outra cidade, dormir 8 horas da manhã e não conseguem, porque as camareiras estão limpando, máquinas estão fazendo barulho... Se o tripulante não consegue o mínimo de repouso para recompor sua integridade, ele vai se apresentar arrebentado para o próximo voo, à noite. E as empresas criaram um sistema muito pessoal, muito particular, muito conveniente de interpretar a regulamentação, que diz, ao retornar à base, o tripulante não poderá voar novamente se for entre 23 e 6h da manhã. As empresas que têm interesse em entender desta forma entendem que só vale para a base e, fora da base, é a farra do boi, vale tudo. E não é assim, é um equívoco. Se bem compreendido, você diz: "Não pode ser para a base". Porque, na base, o problema é menor. Mas não, elas se utilizam de três, quatro noites seguidas. E não é uma empresa não, são todas. É que a Gol agora é a bola da vez.

Os tripulantes recorrem a medicamentos contra o sono, como os caminhoneiros?

Não tomam, até mesmo não podem. Sobre esses medicamentos que os caminhoneiros tomam, no caso da aviação você perde a noção de profundidade, visão periférica, um bocado de coisa fundamental. Não tomam nada, nada, nada. O que estão tomando é da própria fisiologia humana. Horas e horas seguidas de privação de sono os remete a estar na mesma situação de uma pessoa embriagada. Imagine você um tripulante passando com sintomas de embriaguez, no meio de um salão de passageiros aguardando para embarcar: quem vai entender que ele está 20 horas sem dormir?


Terra Magazine
Cartão-postal fora de foco


Apresentado como grande bandeira da campanha de Serra, o trecho sul do Rodoanel se mostra exemplo de má gestão

Mário Simas Filho


PONTO CEGO


Falta de sinal de celular e pouca iluminação tiram caminhões do Rodoanel

Dois dias antes de deixar o governo de São Paulo, o tucano José Serra inaugurou, ainda com obras por fazer, o trecho sul do Rodoanel Mário Covas. Uma obra de repercussão nacional – que seria capaz de desafogar o trânsito da maior cidade do País –, apresentada a todo o Brasil como um dos principais cartões-postais da campanha do PSDB. “Essa obra é um ganho para a economia brasileira”, disse Serra no discurso de abertura de uma pista por onde ainda não se podia trafegar. Quatro meses depois, a obra de R$ 5 bilhões tem se mostrado exemplo de má gestão e de falta de planejamento. Por insegurança, pouca iluminação, ausência de pontos de apoio e até má sinalização, os caminhões com destino ao porto de Santos, que deveriam desocupar as avenidas paulistanas e trafegar pelas pistas do Rodoanel, estão fazendo exatamente o movimento inverso. “É claro que não queremos ficar nos congestionamentos de São Paulo, mas não podemos colocar nossa carga à disposição dos assaltantes no Rodoanel”, diz Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo. Ele afirma que a maior parte das seguradoras já comunicou aos seus clientes que as cargas roubadas no trecho sul não serão cobertas.

O que aterroriza as seguradoras é o fato de que em 16 dos 61 quilômetros da estrada não há sinal de celular nem de satélites, usados pelos rastreadores que costumam acompanhar as cargas com valor superior a R$ 60 mil. Além disso, ao longo da rodovia há apenas dois postos policiais. “A sensação é de estrada abandonada”, diz Cyro Buonavoglia, presidente da Gristec, a associação das empresas gerenciadoras de risco, entidade que reúne quase 100 companhias de seguro. “Verificamos vários casos de roubo no Rodoanel. Para utilizar aquela pista à noite, recomendamos uma escolta”, diz Jair Carvalheira, presidente da comissão de transportes da Federação Nacional das Seguradoras. Em nota oficial, as operadoras de celular explicam que antes de setembro o problema não será corrigido, pois é necessária a instalação de antenas repetidoras. A obra levou 35 meses para ser concluída, mas a falta de planejamento impediu que essas antenas fossem instaladas antes.

Na quarta-feira 28, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que iria proibir a circulação dos caminhões na cidade durante o dia, o que obrigará o desvio do tráfego para o Rodoanel. Apesar do empenho do prefeito, nada indica que os caminhoneiros ocupem as pistas inauguradas apressadamente por Serra. “Vamos substituir os caminhões por quatro ou cinco peruas, mas não vamos colocar as cargas e a vida em risco”, adverte o dono de uma transportadora. Falta segurança e também sinalização. Em menos de 15 dias após a inauguração, o trecho sul do Rodoanel registrou 28 acidentes. No comitê de Serra, a sinalização é de que o Rodoanel não poderá ser utilizado como pretendiam durante a campanha eleitoral.