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São Paulo, São Paulo, Brazil
O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

terça-feira, 6 de abril de 2010

São Paulo sempre teve pressa, e não pode parar.

Felizmente e infelizmente, a alternância do poder e o não compromisso com o coletivo na sucessão de governos municipais nas últimas eleições impediu a continuidade no processo de construção do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, que vinha sendo implantado gradativamente pelo governo Marta Suplicy. E por pouco o abandono deste projeto não está fazendo a cidade parar, hoje, tendo em vista as ultimas ações adotadas pelo poder municipal de forma “atabalhoada”, como a restrição imposta ao transporte de fretamento, ao transporte de carga urbana e os enormes congestionamentos ocasionados por obstrução das vias públicas em decorrência dos alagamentos em áreas já conhecidas pela população e por órgãos que deveriam cuidar do problema.

Fica evidente a falta de compromisso e de planejamento “pensado”, cabendo ressaltar o “pensado”, pois não falo de nomenclatura.

Sabemos que não faltam órgãos e departamentos na Prefeitura de São Paulo que levam o nome “Planejamento”. Vale lembrar também a existência de profissionais qualificados para a função que estão à disposição do Poder Executivo. Mais que no fim, só servem para justificar as idéias “mirabolantes” de governos sem “Planos de Governo” para a questão da mobilidade urbana, considerada de grande impacto na vida do cidadão paulistano.

Acreditamos que a construção de qualquer política pública, e a adoção de medidas como as acima elencadas, devem ser implantadas, evidentemente, mas ao implementá-las devemos antes de tudo alicerçá-las com a sociedade como um todo na sua concretização, como o Legislativo, a sociedade civil organizada, comunidades técnicas dos setores envolvidos, a população em geral e aquele que deveria ser o proponente desta política, o Poder Executivo.

Dia 22 de março de 2010, às 13hs, nós da bancada do PT, em conjunto com dois outros partidos, PC do B e PSB, incomodados também com a falta de políticas públicas conseqüentes no município de São Paulo em relação à Mobilidade de sua População, realizamos um Seminário sobre, “Transporte Público na Cidade de São Paulo”.

A participação contou com parlamentares, técnicos de renome na área, a sociedade civil organizada e um expressivo número de populares da Zona Leste de São Paulo. Infelizmente só não contou com a presença de representantes do Poder Executivo, que não tem a humildade de reconhecer que não tem um “Plano de Mobilidade Urbana” para a Cidade, muito menos um Plano Sustentável.

A mobilidade urbana – o direito “cidadão” de poder circular de forma rápida e barata por sua cidade, deveria ser “pensado” e discutido com a sociedade e constar de qualquer Plano de Governo. Lamentavelmente, o que ficou claro durante o seminário é que São Paulo hoje não tem nada.

Na primeira parte do Seminário discutimos “O Transporte Público na Cidade de São Paulo”, e já de início ficou claro a falta de políticas públicas urbanas adequadas para a mobilidade.

Como não se preocupar com o ingresso em circulação de mil veículos por dia em uma cidade como São Paulo, que diariamente amanhece quebrando recordes de congestionamentos e que penaliza sua população nos deslocamentos de seu dia a dia.

Cuidar da cidade significa garantir o direito de ir e vir das pessoas, de forma a melhorar a qualidade de vida delas.

“Investimento na mobilidade urbana é o investimento na melhoria da vida das pessoas nas ruas, nas vilas, nos bairros, nas cidades”.

Disse o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana – Cerimônia de lançamento do Challenge Bibendum 2010 no Rio de Janeiro-RJ, 25 de novembro de 2009.

Fazer chegar em casa mais rapidamente, ou se deslocar para o trabalho mais rapidamente, é permitir ao cidadão que tenha um pouco mais de lazer, de tempo junto a sua família.

Na fala do técnico em transportes e urbanista superintendente da ANTP, Marcos Bicalho, do vereador Senival, membro do PT que integra a Comissão Permanente de Trânsito e Transporte da Câmara Municipal de São Paulo, do deputado federal do PT Carlos Zarattini, ex-secretário dos Transportes do Município na gestão Marta e até do próprio atual presidente da Comissão Permanente de Trânsito e Transporte da Câmara de São Paulo, vereador Juscelino Gadelha (PSDB), que também esteve presente, se ouvia nas entrelinhas a falta que faz um “Plano de Mobilidade Urbana Sustentável” para a cidade.

Sustentável no sentido de tentar concertar a despreocupação do passado em relação ao tema e projetar para o futuro uma política que não traga prejuízo à mobilidade de sua população.

O segundo tema abordado no Seminário foi à questão tecnológica. Afinal o Governo do Estado de São Paulo em conjunto com a Prefeitura, usando um discurso claramente eleitoral, tenta reinventar o fenômeno Fura-Fila.

Metrô X Monotrilho

A mesa foi coordenada pelo vereador Jamil Murad (PCdoB) e contou com a participação do companheiro Adriano Diogo deputado estadual, o vereador Elizeu Gabriel (PSB), Wagner Fajardo, representando a União Internacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Transporte; Fenametro e Sindicato dos Metroviários e o mestrando em Planejamento de Transportes sobre Trilhos da FAU / USP, Marcos Kiyoto.

A solução agora é o MONOTRILHO, um modal novo utilizado em poucas cidades no mundo, cidades sem o tamanho da capital de São Paulo, com falta de informações técnicas relevantes, no que tange a sua segurança e que aparece debaixo dos braços do Prefeito da Capital como se fosse a “salvação da lavoura”.

A sociedade civil organizada presente ao seminário se manifestou contrario, é claro, à tentativa do prefeito e do governador de compelir o MONOTRILHO como a solução do problema de Cidade Tiradentes e região.

Técnicos presentes apresentaram dados conflitantes com a decisão dos governos de utilizarem este meio de transporte para atender aquela região.

A capacidade do sistema deve estar adequada à demanda, existente e futura. E a demanda da região, segundo estudos apresentados, tem característica de metrô. Agora, estão querendo empregar um sistema que, se atender a demanda, vai fazê-lo no limite de sua capacidade de transporte.

O custo, também é outro fator importante que está diretamente relacionado à capacidade do sistema.

Portanto implantar um sistema inadequado à demanda acarretará aumento de custos ao longo de sua operação.

A discussão que a princípio pareceu a de um modal contra o outro, portanto Metrô X Monotrilho, se mostrou equivocada quando da apresentação de, Marcos Kiyoto e a discussão técnica que se desenrolou.

Os números apresentados de demandas da região por si só mostram o “fiasco” que será a implantação do Monotrilho para atender aquela região.

O urbanista Marcos Kiyoto concluiu, após sua apresentação, que segundo seus estudos, o sistema de monotrilho está sendo erroneamente empregado neste projeto.

A região Leste foi surpreendida e a desinformação joga contra aquela população.

O anúncio da dupla Serra/Kassab de transformar o Expresso Tiradentes em “aerotrem” (monotrilho) pegou todo mundo de surpresa.

Serra quando tomou posse como prefeito, em 2005, e até o término da sua breve gestão, e agora com Kassab, este governo municipal pouco investiu em corredores de ônibus. Apenas deram acabamento nos 8,5 quilômetros do Expresso Tiradentes (com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do governo federal) e fizeram cerca de 3 quilômetros na Avenida Vereador José Diniz.

Corredores importantes como da Celso Garcia, Sumaré, 23 de Maio, Avenida Anhaia Melo, entre outros, cujos projetos foram deixados prontos pela gestão Marta, não tiveram prosseguimento.

As conclusões do seminário refletem o descaso da atual administração pelo coletivo, a falta de projetos qualificados e o “desespero” de mostrar resultados em um ano eleitoral, fazendo com que projetos como o monotrilho tenha sua implantação anunciada.

A importância de construirmos uma política urbana de mobilidade sustentável se evidenciou. Algumas propostas, como a realização de vários seminários como este em todas as regiões afetadas diretamente pelo problema, a titulo de informar a população, serão feitas pelas lideranças presentes.

Nosso companheiro o vereador Senival Moura defende uma proposta apresentada pelo Movimento Nossa São Paulo à Comissão Permanente de Trânsito e Transportes da Câmara Municipal de São Paulo, para a instalação de um fórum de debates em torno do assunto, convidando todos os atores a participarem da construção de uma política pública como esta.

Inclusive o vereador defende que as propostas que forem apresentadas e discutidas sejam reunidas ao final em um livro ou caderno editado como diretrizes e sugestões para a construção de um Plano de Mobilidade Sustentável para São Paulo.

A meu ver fica claro, que a solução da Mobilidade Urbana de São Paulo passa por um projeto de Metrô que integre a cidade como um todo, fazendo com que todos meios de transportes existentes se complementem de maneira racional e eficaz, não podemos aceitar projetos que não atendam a nossa necessidade.

A omissão neste sentido, do poder executivo de São Paulo nesse momento pode nos levar a um colapso da mobilidade futura da cidade.

A nossa bancada tem atuado de maneira a colaborar para que isso não ocorra, o companheiro Chico Macena na comissão de políticas urbanas tem empreendido esforços no sentido de colaborar alertando e propondo ações visando a “mobilidade cidadã” a qual devemos buscar, com planejamento e projetos factíveis e racionais, da mesma maneira que outros companheiros nas varias comissões tem buscado colaborar com a cidade.

Também estiveram presentes os vereadores Juliana Cardoso, que se posicionou com veemência contraria a tentativa do governo de impor aquela região um modo de transporte inadequado, e o vereador José Ferreira (Zelão), que também tem lutado por um melhor transporte para a Zona Leste de São Paulo.

O que tem faltado como nos mostrou o Seminário é a vontade da Prefeitura e do Governo do Estado, de construir uma política pública participativa, plural, que atenda de fato as necessidades da população sem demagogia e como já disse, menos “atabalhoada”, com soluções mais simples, com o espírito mais desarmado do que o que vem sendo mostrado nas ações operacionais destes governos.

A esperança é que com nossa atitude consigamos sensibilizar tanto a Prefeitura, como o Governo do Estado, pois a população já deu mostras que sabe o que quer, e quer um “transporte digno”, que atenda suas necessidades e que não fique parado na “barbárie” do trânsito congestionado da São Paulo de hoje.



Vereador João Antonio

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