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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cartão-postal fora de foco


Apresentado como grande bandeira da campanha de Serra, o trecho sul do Rodoanel se mostra exemplo de má gestão

Mário Simas Filho


PONTO CEGO


Falta de sinal de celular e pouca iluminação tiram caminhões do Rodoanel

Dois dias antes de deixar o governo de São Paulo, o tucano José Serra inaugurou, ainda com obras por fazer, o trecho sul do Rodoanel Mário Covas. Uma obra de repercussão nacional – que seria capaz de desafogar o trânsito da maior cidade do País –, apresentada a todo o Brasil como um dos principais cartões-postais da campanha do PSDB. “Essa obra é um ganho para a economia brasileira”, disse Serra no discurso de abertura de uma pista por onde ainda não se podia trafegar. Quatro meses depois, a obra de R$ 5 bilhões tem se mostrado exemplo de má gestão e de falta de planejamento. Por insegurança, pouca iluminação, ausência de pontos de apoio e até má sinalização, os caminhões com destino ao porto de Santos, que deveriam desocupar as avenidas paulistanas e trafegar pelas pistas do Rodoanel, estão fazendo exatamente o movimento inverso. “É claro que não queremos ficar nos congestionamentos de São Paulo, mas não podemos colocar nossa carga à disposição dos assaltantes no Rodoanel”, diz Norival de Almeida Silva, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo. Ele afirma que a maior parte das seguradoras já comunicou aos seus clientes que as cargas roubadas no trecho sul não serão cobertas.

O que aterroriza as seguradoras é o fato de que em 16 dos 61 quilômetros da estrada não há sinal de celular nem de satélites, usados pelos rastreadores que costumam acompanhar as cargas com valor superior a R$ 60 mil. Além disso, ao longo da rodovia há apenas dois postos policiais. “A sensação é de estrada abandonada”, diz Cyro Buonavoglia, presidente da Gristec, a associação das empresas gerenciadoras de risco, entidade que reúne quase 100 companhias de seguro. “Verificamos vários casos de roubo no Rodoanel. Para utilizar aquela pista à noite, recomendamos uma escolta”, diz Jair Carvalheira, presidente da comissão de transportes da Federação Nacional das Seguradoras. Em nota oficial, as operadoras de celular explicam que antes de setembro o problema não será corrigido, pois é necessária a instalação de antenas repetidoras. A obra levou 35 meses para ser concluída, mas a falta de planejamento impediu que essas antenas fossem instaladas antes.

Na quarta-feira 28, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que iria proibir a circulação dos caminhões na cidade durante o dia, o que obrigará o desvio do tráfego para o Rodoanel. Apesar do empenho do prefeito, nada indica que os caminhoneiros ocupem as pistas inauguradas apressadamente por Serra. “Vamos substituir os caminhões por quatro ou cinco peruas, mas não vamos colocar as cargas e a vida em risco”, adverte o dono de uma transportadora. Falta segurança e também sinalização. Em menos de 15 dias após a inauguração, o trecho sul do Rodoanel registrou 28 acidentes. No comitê de Serra, a sinalização é de que o Rodoanel não poderá ser utilizado como pretendiam durante a campanha eleitoral.

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