Ao final do protesto, agentes de segurança do Metrô reagiram violentamente quando manifestantes aproximaram-se para pular as catracas da estação.
Por Jéssica Santos de Souza, Rede Brasil Atual
Sexta-feira, 18 de março de 2011
São Paulo - A manifestação desta quinta-feira (17) contra o aumento do ônibus em São Paulo terminou em confronto entre ativistas e policiais na estação Anhangabau, no Centro da capital. Ao final do protesto, agentes de segurança do Metrô reagiram violentamente quando manifestantes aproximaram-se para pular as catracas da estação.
Munidos de cacetes, eles dispersaram a multidão, que incluía usuários que passavam pelo local e até jornalistas que cobriam o fato. A reportagem da Rede Brasil Atual foi impedida de se aproximar de um manifestante cercado por agentes e sofreu empurrões ao deixar a estação.
Na 10ª semana consecutiva de protestos, após a concentração no Theatro Municipal e de passar diante da prefeitura, os manifestantes pararam o Terminal Bandeira por cerca de uns 15 minutos no início da noite. Em seguida, caminharam para a avenida Nove de Julho, que ficou paralisada por mais uns 15 minutos. O final do ato seria em frente a Estação Anhangabau do Metrô.
Tudo parecia terminado quando alguns manifestantes se direcionaram para as catracas para tomar a condução sem pagar pela passagem. Durante a dispersão dos manifestantes, uma bomba de gás lacrimogênio estorou próximo aos portões da estação. A maior parte do policiamento ostensivo ficou na frente da sede da administração municipal.
O estudante Daniel Makaoskas, de 17 anos, foi atingido no pé enquanto tentava se afastar da estação. "A Polícia chegou e começou a bater em todo mundo, eu tentei correr e não consegui. Até que uma bomba estorou no meu pé na calçada na frente da estação", conta. Após a entrevista a Rede Brasil Atual, o estudante disse que iria ao hospital para procurar atendimento médico.
Segundo o capitão Amarildo Garcia, a Polícia Militar estava lá garantindo que a tranquilidade fosse reestabelecida. Ele nega que a bomba de gás lacrimogênio tenha vindo de seus homens. "Não houve nenhuma ação da Polícia Militar neste caso; não há o (Batalhão de) Choque aqui, só a força regular", apontou. Os seguranças do Metrô agiram munidos de cacetetes. Eles não tem autorização para portar outros tipos de armamentos e não têm acesso a qualquer tipo de bomba de efeito moral.
Agressões
O vice-presidente do Movimento População em Situação de Rua, Charles Santos, que chegou no final do ato acompanhando o vereador José Américo (PT), conta que, quando a confusão começou, ele tentou sair do local, mas viu um cinegrafista caído e foi ajudá-lo. "Dois seguranças do Metrô me bateram com cacetetes nos ombros e no rosto. O que mais indigna é que os policiais viram dois seguranças baterem em mim e não fizeram nada", desabafa.
De acordo com manifestantes, após o confronto na estação, estudantes e usuários que se dirigiram ao Terminal Bandeira para usar o transporte coletivo foram sendo empurrados com cacetetes pela passarela e as escadas do terminal. "Na saída, tinha pessoas sem uniforme dispersando os usuários com uso de força física e sem identificação nenhuma", acusa um manifestante.
Segundo ele, alguns motoristas e cobradores de ônibus chegaram a ajudar os manifestantes a embarcar, para evitar confrontos. Um rapaz foi agredido e desmaiou no local. Segundo o Movimento do Passe Livre, o jovem foi atendido na Santa Casa de Misericórdia, na região central. Outros manifestantes também foram para o hospital com escoriações e feridas causadas por estilhaços da bomba.
Para o vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic, que acompanhou o protesto, a ação de agentes de segurança da estação Anhangabau do Metrô foi indevida. Ele considera que os seguranças deveriam ter deixado os manifestantes pularem as catracas para evitar problemas.
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