Dia decisivo para o Caso Busscar
Assembleia de credores vai determinar se encarroçadora terá ou não a falência decretada pela Justiça
ADAMO BAZANI – CBN
Esta terça-feira, dia 07 de agosto de 2012, será um dia decisivo para o caso Busscar e também para a história dos transportes no Brasil.
Será realizada no Centreventos Cau Hense, a Assembléia Geral de Credores que vai analisar o último plano de recuperação da empresa que foi uma das maiores encarroçadoras de ônibus do País.
Se os credores rejeitarem as propostas, o juiz titular da 5ª Vara Cível, Maurício Cavalazzi Povoas, pode decretar a falência da fabricante de carrocerias.
Já é a terceira versão de um plano de recuperação da Busscar.
A decisão poderia ser tomada no dia 22 de maio, data da última assembleia, que foi suspensa pelo juiz por conta do tumulto na hora da votação e da apresentação de interessados pela compra da empresa. A suspensão serviu para dar mais uma oportunidade para a companhia.
A Busscar já acumula mais de 26 meses de salários e direitos trabalhistas atrasados. A empresa que tinha cerca de 5 mil funcionários tem agora aproximadamente 900 empregados, dos quais os operários que ainda são ligados à empresa recebem semanalmente pelos serviços que fazem.
Todos os cerca de 5 mil trabalhadores, entre os que se desligaram e os atuais, têm algo a receber da Busscar, mesmo que proporcionalmente ao tempo entre quando a Busscar deixou de pagar e suas datas de desligamento da companhia.
As dívidas da Busscar ultrapassam R$ 800 milhões, entre bancos, credores e fornecedores. Se somados débitos tributários, a Busscar deve cerca de R$ 1,3 bilhão.
As projeções de produção e receita da Busscar no novo plano de recuperação, protocolado na semana passada e que será votado a partir das 15 horas desta terça-feira, são basicamente as mesmas.
A Busscar prevê para este ano uma produção de 1,8 mil carrocerias com receita de R$ 335,6 milhões.
Mas as estimativas são contestadas. Em pleno mês de agosto, a encarroçcadora produziu apenas aproximadamente 250 carrocerias desde o início da recuperação judicial em outubro do ano passado. A Busscar diz que conta com um financiamento de exportações de ônibus para a Guatemala, que o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social liberaria. Mas não há data para o plano se tornar concreto.
O que mudou no plano foi em relação ao pagamento dos débitos trabalhistas. A empresa propõe pagar parte das dívidas com ações da companhia.
A proposta não foi bem recebida pelo Sindicato dos Mecânicos de Joinville, representante dos trabalhadores.
A entidade contesta o fato de as ações não serem bem vistas e não terem valor no mercado por conta da situação da Busscar.
Além disso, a forma de pagamento das ações também não teria agradado os sindicalistas.
Inicialmente, a Busscar propunha pagar as dívidas trabalhistas em até 36 meses, o que fere a Lei de Recuperação Judicial. Agora, a Busscar apresenta a possibilidade de pagar metade das dívidas num prazo de carência de seis meses e outra metade em forma de ações. O trabalhador pode revender as ações para a Busscar. Mas com isso, deixa de haver uma relação trabalhista, que passa a ser de mercado e aí, a Busscar terá os mesmos 36 meses para pagar os valores referentes às ações.
O Sindicato dos Mecânicos deve votar contra.
Está no processo uma Proposta de Modificação e Consolidação ao Plano assinada pelas credoras RR, Prata (dos tios de Cláudio Nielson, não tendo nenhuma relação com a Expresso de Prata) , Garytrans e Icomabra.
As empresas propõem a venda da Busscar em até 120 dias. Passado este prazo a Busscar iria para leilão de acordo com estas propostas.
Os débitos com os trabalhadores seriam pagos à vista, mas seriam mantidos os descontos previstos pela proposta oficial da Busscar.
Possíveis compradores interessados pela encarroçadora não faltam. Entre eles, o grupo chinês Shandong Heavy Machinery Group.
A família Nielson, fundadora e proprietária até hoje da Busscar, não quer vender a empresa inicialmente e diz que acredita na recuperação da encarroçadora.
A Asssembleia a ser comandada pelo administrador judicial, Rainoldo Uessler, deve ser mais organizada que a de 22 de maio, porém deve durar horas.
Isso porque até a decisão final haverá várias etapas a ser seguidas.
As deliberações já foram apresentadas em maio, mas a empresa e os credores (que são muitos) terão 15 minutos cada para se pronunciarem.
Dependendo das dúvidas e sugestões dos credores, a empresa pode se manifestar de novo.
A votação será por uma espécie de urna eletrônica, com as opções SIM e NÃO. O voto SIM aprova a Proposta da Busscar e o NÃO aprova a decretação da falência.
Haverá dois telões que darão o resultado, inclusive o parcial, em tempo real.
Pela quantidade de credores, o que deve incluir centenas de trabalhadores na Assembleia, só as votações devem durar mais de quatro horas.
As dificuldades na Busscar começaram em 2008. A empresa alega que sentiu a crise econômica mundial, que teve origem nos papéis imobiliários nos Estados Unidos e provocou restrição de créditos e financiamentos em todo o mundo.
Já os críticos da Busscar afirmam que a empresa foi mal administrada e que a crise de 2008 foi reflexo de uma crise anterior, entre 2001 e 2003, da qual a empresa não teria se recuperado plenamente e por isso sentiu mais fortemente as instabilidades econômicas mundiais.
Nesta terça-feira pode ser escrito capítulo final do Caso Busscar.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Assembleia de credores vai determinar se encarroçadora terá ou não a falência decretada pela Justiça
ADAMO BAZANI – CBN
Esta terça-feira, dia 07 de agosto de 2012, será um dia decisivo para o caso Busscar e também para a história dos transportes no Brasil.
Será realizada no Centreventos Cau Hense, a Assembléia Geral de Credores que vai analisar o último plano de recuperação da empresa que foi uma das maiores encarroçadoras de ônibus do País.
Se os credores rejeitarem as propostas, o juiz titular da 5ª Vara Cível, Maurício Cavalazzi Povoas, pode decretar a falência da fabricante de carrocerias.
Já é a terceira versão de um plano de recuperação da Busscar.
A decisão poderia ser tomada no dia 22 de maio, data da última assembleia, que foi suspensa pelo juiz por conta do tumulto na hora da votação e da apresentação de interessados pela compra da empresa. A suspensão serviu para dar mais uma oportunidade para a companhia.
A Busscar já acumula mais de 26 meses de salários e direitos trabalhistas atrasados. A empresa que tinha cerca de 5 mil funcionários tem agora aproximadamente 900 empregados, dos quais os operários que ainda são ligados à empresa recebem semanalmente pelos serviços que fazem.
Todos os cerca de 5 mil trabalhadores, entre os que se desligaram e os atuais, têm algo a receber da Busscar, mesmo que proporcionalmente ao tempo entre quando a Busscar deixou de pagar e suas datas de desligamento da companhia.
As dívidas da Busscar ultrapassam R$ 800 milhões, entre bancos, credores e fornecedores. Se somados débitos tributários, a Busscar deve cerca de R$ 1,3 bilhão.
As projeções de produção e receita da Busscar no novo plano de recuperação, protocolado na semana passada e que será votado a partir das 15 horas desta terça-feira, são basicamente as mesmas.
A Busscar prevê para este ano uma produção de 1,8 mil carrocerias com receita de R$ 335,6 milhões.
Mas as estimativas são contestadas. Em pleno mês de agosto, a encarroçcadora produziu apenas aproximadamente 250 carrocerias desde o início da recuperação judicial em outubro do ano passado. A Busscar diz que conta com um financiamento de exportações de ônibus para a Guatemala, que o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social liberaria. Mas não há data para o plano se tornar concreto.
O que mudou no plano foi em relação ao pagamento dos débitos trabalhistas. A empresa propõe pagar parte das dívidas com ações da companhia.
A proposta não foi bem recebida pelo Sindicato dos Mecânicos de Joinville, representante dos trabalhadores.
A entidade contesta o fato de as ações não serem bem vistas e não terem valor no mercado por conta da situação da Busscar.
Além disso, a forma de pagamento das ações também não teria agradado os sindicalistas.
Inicialmente, a Busscar propunha pagar as dívidas trabalhistas em até 36 meses, o que fere a Lei de Recuperação Judicial. Agora, a Busscar apresenta a possibilidade de pagar metade das dívidas num prazo de carência de seis meses e outra metade em forma de ações. O trabalhador pode revender as ações para a Busscar. Mas com isso, deixa de haver uma relação trabalhista, que passa a ser de mercado e aí, a Busscar terá os mesmos 36 meses para pagar os valores referentes às ações.
O Sindicato dos Mecânicos deve votar contra.
Está no processo uma Proposta de Modificação e Consolidação ao Plano assinada pelas credoras RR, Prata (dos tios de Cláudio Nielson, não tendo nenhuma relação com a Expresso de Prata) , Garytrans e Icomabra.
As empresas propõem a venda da Busscar em até 120 dias. Passado este prazo a Busscar iria para leilão de acordo com estas propostas.
Os débitos com os trabalhadores seriam pagos à vista, mas seriam mantidos os descontos previstos pela proposta oficial da Busscar.
Possíveis compradores interessados pela encarroçadora não faltam. Entre eles, o grupo chinês Shandong Heavy Machinery Group.
A família Nielson, fundadora e proprietária até hoje da Busscar, não quer vender a empresa inicialmente e diz que acredita na recuperação da encarroçadora.
A Asssembleia a ser comandada pelo administrador judicial, Rainoldo Uessler, deve ser mais organizada que a de 22 de maio, porém deve durar horas.
Isso porque até a decisão final haverá várias etapas a ser seguidas.
As deliberações já foram apresentadas em maio, mas a empresa e os credores (que são muitos) terão 15 minutos cada para se pronunciarem.
Dependendo das dúvidas e sugestões dos credores, a empresa pode se manifestar de novo.
A votação será por uma espécie de urna eletrônica, com as opções SIM e NÃO. O voto SIM aprova a Proposta da Busscar e o NÃO aprova a decretação da falência.
Haverá dois telões que darão o resultado, inclusive o parcial, em tempo real.
Pela quantidade de credores, o que deve incluir centenas de trabalhadores na Assembleia, só as votações devem durar mais de quatro horas.
As dificuldades na Busscar começaram em 2008. A empresa alega que sentiu a crise econômica mundial, que teve origem nos papéis imobiliários nos Estados Unidos e provocou restrição de créditos e financiamentos em todo o mundo.
Já os críticos da Busscar afirmam que a empresa foi mal administrada e que a crise de 2008 foi reflexo de uma crise anterior, entre 2001 e 2003, da qual a empresa não teria se recuperado plenamente e por isso sentiu mais fortemente as instabilidades econômicas mundiais.
Nesta terça-feira pode ser escrito capítulo final do Caso Busscar.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário