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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pane no Metrô



Deputado Enio Tatto – Líder da Bancada do PT na Alesp

A mobilidade urbana está um caos na cidade de São Paulo. Diariamente são cerca de 200 quilômetros da vias congestionadas. É que por falta de um transporte de qualidade a população faz uso do transporte individual saturando as vias públicas.

O transporte de qualidade para uma metrópole do porte da capital paulista tem um nome: Metrô

Só que a cidade não tem uma rede metroviária compatível com as necessidades da sua população. São apenas 74,3 quilômetros para servir 20 milhões de pessoas na Região Metropolitana. É a menor rede entre as grandes capitais do mundo. Londres tem 405 quilômetros, Nova Iorque 398, Madrid 283, Paris 211 e Tóquio 195.

Mas São Paulo também perde para a cidade do México, com 201 quilômetros e Santiago do Chile com 103. Recentemente o secretário de transportes metropolitanos, Jurandir Fernandes, refutou a extensão do Metrô da cidade do México, argumentando que este é de superfície. Se fosse assim, a CPTM também entraria na conta do sistema metroviário de São Paulo. A rede mexicana foi construída no mesmo período que a paulista, enquanto a malha da CPTM data da segunda metade do século XIX e início do século XX. É norma no mundo inteiro não computar a rede ferroviária como metrô.

E a linha 3 – Vermelha do Metrô possui a maior parte da sua malha em superfície. Em extensão a rede paulista é apenas a 36ª do mundo.

O Metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo, são 4 milhões de passageiros dia transportados em 74,3 quilômetros, o que dá 58 mil pessoas por quilômetro. O segundo é o de Tóquio com 31 mil passageiros por dia por quilômetro. Londres tem apresenta sete mil passageiros/dia por quilômetro.

A linha 3- Vermelha é a mais lotada do mundo. No horário de pico chega a transportar 11 passageiros por metro quadrado, sendo que a norma internacional indica um máximo de seis.

As panes são uma constante no Metrô de São Paulo, foram 61 desde dezembro de 2007, o que indica a falta de manutenção do material rodante .

A pane ocorrida no dia 3 de outubro na linha 4 – Amarela causa preocupação. Essa linha já causou alguns transtornos na cidade como o desabamento ocorrido em janeiro de 2007 durante a construção da estação Pinheiros em que morreram sete cidadãos paulistas.

A linha foi prometida pelo governador Geraldo Alckmin para entrar em operação em 2006. O governador José Serra prometeu a operação para 2010. Estamos quase no fim do ano de 2011 e a linha ainda não está operando integralmente, pois desde maio de 2010 ela passa por testes.

A linha deveria estar transportando 750 mil passageiros por dia, mas só recentemente atingiu 420 mil, prejudicando a população da cidade.

A fase dois com mais cinco estações indo até Vila Sonia que deveria entrar em operação em 2012, ficou para 2014. A extensão até Taboão da Serra não foi nem apresentado um cronograma, apesar das promessas do governador.

A linha 5 – Lilás está da mesma forma que foi inaugurada em 2002, apesar do PPA 2000-2003 do governo Covas, a previsão era ser integralmente inaugurada em 2003. O governador José Serra prometeu a inauguração de mais duas estações em 2012, fato que não aconteceu. A próxima estação sairá somente em 2014, a Adolfo Pinheiro. A extensão dessa linha até o Terminal Jardim Ângela também ficou prejudicada, pois a previsão é para 2018, prejudicando quem mora na região da M’boi Mirim.

A linha 6 – Laranja, ligando a Brasilândia também foi prometida para ficar pronta em 2003, postergada para 2010 e finalmente talvez só fique pronta em 2017.

Faltam ligação ainda com a cidade de Guarulhos e o ABC paulista que ainda não foram contemplados com a rede metroviária.

Recentemente foi apresentada uma extensa rede metroviária com várias linhas propostas divulgadas no jornal “O Estado de São Paulo”, mas para ficar pronta em 2030 e quem sabe em 2040. A cidade não pode esperar.

O governo do Estado reclama da ajuda federal, mas o entrave no Metrô não é por falta de recursos. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo nos últimos anos aprovou financiamentos em instituições multilaterais como o BIRD, BID, JBIC, BNDES e Caixa Econômica Federal superior a R$ 10 bilhões, com aval do governo federal. São Paulo nunca teve tantos recursos para investir na rede metroviária.

Mas o governo estadual não consegue gastar os recursos orçamentários aprovados pela Assembleia Legislativa. Entre 2008 e 2010, estavam previstos R$ 9,58 bilhões de reais, mas só foram gastos 5,95 bilhões, segundo o Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária - SIGEO. Mais de um terço dos recursos não foram gastos.

Falta capacidade de gestão e de transparência do governo estadual, pois o atraso da linha 4 – Amarela não foi por falta de recursos. A forma como foi feita a licitação e a Parceria Público-Privada provocaram o atraso na entrega desse serviço à população e tem mostrado ineficiência no gerenciamento operacional.

Assim como o atraso do início da extensão da linha 5 – Lilás é em razão das suspeitas de irregularidades pelo Ministério Público Estadual que acusa um sobrepreço de R$ 304 milhões por causa de acertos das empresas no processo licitatório.

Apesar da riqueza e da pujança de São Paulo e das promessas do governador, nos últimos 17 anos foram construídos em média apenas 1,8 quilômetro de rede metroviária por ano. É muito pouco.

Essa é a causa da cidade hoje estar travada.


Deputado Enio Tatto – Líder da Bancada do PT na Alesp

Evaristo Almeida – Mestre em Economia e Assessor de Transportes da Bancada do PT

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