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O Setorial de Transportes do PT nasceu junto com o Partido dos Trabalhadores. O objetivo sempre foi o de fomentar políticas públicas para o transporte coletivo e logística para distribuição de mercadorias. Estamos abrindo esse espaço para ampliar a discussão sobre o tema.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Metrô do PSDB: superlotado e superfaturado


Alencar Santana

Metrô sob comando do PSDB em São Paulo: atrasado, superlotado e superfaturado

O Metrô de São Paulo, sistema de transporte urbano, que já foi motivo de orgulho da população da cidade, hoje provoca desconforto, atrasos e receios com as constantes panes e por nos últimos tempos é alvo de investigações por desvios de recursos públicos, em licitação conduzida pelo governo do PSDB no Estado.

Há tempos São Paulo tem trânsito caótico, travado, é muito difícil ir de um ponto a outro sem perder muito tempo na locomoção, seja ela feita por meio de automóvel ou ônibus.

Isso porque sucessivos governos do PSDB optaram por viabilizar o transporte individual na cidade, priorizaram a construção de grandes vias, túneis e viadutos, a exemplo da Nova Marginal Tietê, na gestão do ex-governador José Serra, sem falar nos pífios investimentos no metrô, principalmente nas primeiras administrações do governo Alckmin, além dos esquemas de desvios a que os tucanos submeteram o Metrô.

É senso comum em todas as megalópoles, o metrô como solução para transportar as super populações. São Paulo tem onze milhões de habitantes, com sete milhões de automóveis, o metrô e os corredores de ônibus são os caminhos a serem trilhados por gestores públicos, se forem comprometidos com mobilidade urbana e com a qualidade de vida da população.

Nos últimos 16 anos a média de construção de metrô em São Paulo foi de apenas dois quilômetros, ao ano pelo governo estadual. A cidade de São Paulo fez apenas 2,7 quilômetros de corredor de ônibus desde 2005 e o Expresso Tiradentes até a Vila Prudente, com recursos federais.

É muito pouco, se observarmos os modelos adotados em outras megalópoles, como a cidade de Xangai, começou a construção do metrô em 1995 e atualmente possui 420 quilômetros de rede, com oito linhas e 162 estações. O objetivo é chegar até 2020 com 877 quilômetros. O metrô de Pequim era incipiente na década de 1990 e hoje conta com 336 quilômetros, a previsão é chegar até 2015 com 561 quilômetros.

Outra comparação que deixa o governo estadual nervoso é com o metrô do México, que teve início junto com o de São Paulo e atualmente conta com 200 quilômetros de rede, 11 linhas e 175 estações. Segundo o governo de São Paulo as linhas são de superfície e os trens são feios.
O metrô de São Paulo tem apenas 74,3 quilômetros, com três linhas prontas, a linha 1 - Azul (Jabaquara - Tucuruvi), a 2 - Verde (Vila Madalena - Vila Prudente) e a três - Vermelha (Itaquera - Barra Funda) ; uma parcialmente pronta, a linha 4 – Amarela (Butantã-Luz)e uma com menos da metade construída, a linha 5 – Lilás (Capão Redondo – Largo Treze).

Em média são 148 mil habitantes por quilômetro de metrô instalado em São Paulo, enquanto a média da cidade de Santiago, com 101 quilômetros de rede, são 49 mil pessoas por quilômetro de metrô. Se compararmos o metrô paulista com o de Londres, pela média de população por quilômetro implantado, devíamos ter 500 quilômetros de rede, com Santiago do Chile, a conta chega a 224 quilômetros . O déficit em São Paulo é enorme.

Diante da ineficiência e desvios de recursos, o povo de São Paulo é penalizado com superlotação e constantes panes, provocadas pelo sistema sobrecarregado.

Em evento na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o Secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, afirmou que São Paulo tem 335 quilômetros de metrô. O Secretário contabilizou os 260 quilômetros de rede da CPTM. Isso é tucanar o Metrô, pois os sistemas Metrô e os trens da CPTM são distintos, a soma resulta das redes resulta em malha metroferroviária e não metroviária.

Pelo déficit na construção de linhas, o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo, segundo a Comunidade de Metrôs, são 11,5 milhões de passageiros transportados anualmente por quilômetro instalado. Em segundo lugar está o metrô de Moscou com 8,6 milhões.

Há anos a Bancada do PT na Assembleia tem apontado e denunciado os problemas do metrô, foram 90 panes desde 2007, e a Companhia esteve envolvida em várias irregularidades, como o emblemático caso Alstom, com o pagamento de milhões em propina à agentes do Estado, como garantia de contratos e agora o Ministério Público Estadual, confirma as denúncias apresentadas pela Bancada petista, do conluio das empresas na licitação que, segundo apurado causou prejuízo de R$ 326 milhões ao erário público na licitação da linha 5 – Lilás (Capão Redondo- Largo Treze).

Apesar de todos os indícios de corrupção, o governo do PSDB se omite e pior nega o óbvio, nas sucessivas administrações tucanas o Metrô foi vitimado pela extensão lenta, superfaturado, superlotado e agora acometido também pelas constantes panes e falhas.

O governo do Estado diz que uma das causas do metrô paulista ser pífio e não atender a necessidade dos paulistas é que o governo federal não participa dos investimentos.

Mais uma vez o PSDB, aposta na desinformação e tenta manipular a realidade, pois São Paulo ficou sim sem apoio do governo federal, durante a era do governo de Fernando Henrique Cardoso – 1995-2002.

Neste período, o metrô de São Paulo não teve nenhum recurso do orçamento federal e os empréstimos do BNDES e bancos multilaterais foram parcos.

A partir do governo Lula, O Estado de São Paulo teve autorização e o governo federal afiançou empréstimos no valor R$14,16 bilhões para serem investidos no Metrô e na CPTM, junto ao BNDES, CEF, JBIC, BID e Banco Mundial.

A presidenta Dilma Russeff estará disponibilizando R$ 400 milhões de recursos do orçamento federal para a linha 18 – Bronze (São Bernardo do Campo - Tamanduateí).

Não falta dinheiro para tocar obras em São Paulo, tanto que o Secretário Jurandir Fernandes enumerou na Assembleia Legislativa vários projetos. O que falta é gestão, compromisso, lisura na aplicação dos recursos públicos e a coragem de assumir um plano de metas com gerenciamento acompanhado pela sociedade, tal como faz o governo federal com as obras do PAC.

É preciso ter eficiência e eficácia. Não dá para uma linha como a 4 – Amarela (Butantã – Luz), que segundo o relatório Revisão do Orçamento para 1995 e Proposta Orçamentária para 1996 do Metrô, a primeira fase estava prevista para entrar em operação em outubro de 2000 e só aconteceu de fato em setembro de 2011,ou seja, onze anos de atraso.

A segunda fase estava prevista para dezembro de 2003 e diante de todos os atrasos está reprogramada para 2014. A linha de apenas 12,8 quilômetros começou a ser construída em 2004 e talvez só termine em 2014. Dez anos para se construir uma linha de metrô, talvez seja um recorde mundial de lentidão.

Essa foi a linha mais acidentada da história do metrô em São Paulo, com o desabamento do teto da Estação Pinheiros em janeiro de 2007, vitimando sete pessoas, além da morte de um operário quando o teto do túnel desabou sobre ele e de um engenheiro elétrico.

A previsão da linha 5 – Lilás era integrar com a linha 2 – Verde ser entregue à população em 2005. Se tudo der certo, talvez em 2015 isso aconteça. Dez anos atrasado. Os projetos constantes nos Planos Plurianuais de 2000-2003 (governo Covas), 2004 – 2007 (governo Alckmin) e 2008-2011 (governo Serra) ficaram no papel.

E o governo estadual continua prometendo obras que lembram a música de Chico Buarque: “Pedro pedreiro, penseiro, esperando o trem...”

*Alencar Santana é líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

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